Startup é um novo conceito de empreendedorismo que tem se destacado como uma coisa cujo boom pode ser presenciado agora, mas está ativa no cenário mundial e nacional há duas décadas. Na verdade, ela é fruto da Bolha da Internet, na década de 1990, quando um momento especulativo marcado pelo surgimento de empresas de tecnologia da informação e de comunicação (TIC). “Startups são empresas baseadas em ideias inovadoras com boas possibilidades de sucesso. São empreendimentos de baixo custo, mas com grandes expectativas de altos retornos. Esse nome foi cunhado na bolha da internet, onde várias empresas ‘ponto com’ foram criadas e vendidas a alto preço devido a essas grandes expectativas de crescimento, muitas deram certo e muitas outras não. Ou seja, startups também têm um risco explicito envolvido. Hoje em dia grandes empresas investem nesse tipo de pequenas empresas para não se envolver diretamente com o risco de um novo negócio e as compram se o negocio der certo. Outro tipo de empresa relacionada a isso são as spinoffs, em geral são serviços especiais prestados por uma empresa de um setor que cresce tanto que se tornam uma nova empresa. É muito comum se ter spinoffs de startup que deram certo”, diz Marcelino Granja, secretário de Ciência e Tecnologia (PE).
Com o forte crescimento destes novos negócios no mercado internacional houve uma alta das bolsas internacionais, com uma grande especulação no índice da Nasdaq, a bolsa eletrônica de Nova York, que chegou a cinco mil pontos e, logo depois, despencou. Ao longo dos anos 2000, muitas dessas empresas, intituladas “ponto com” entraram em processo de venda, fusão, redução, falência ou desaparecimento por conta disto. Mas, na contramão desta situação, algumas prosperaram e não só se mantiveram no mercado como atingiram status de gigantes como o Google e o eBay. “Gosto da junção de definições de dois empreendedores autores Steve Blank e Eric Reis que revolucionaram a educação e a prática desse tipo ‘esquisito’ de empresa. Eles afirmam que uma startup é uma organização humana temporária em busca de um modelo de negócios repetível, escalável e lucrativo em um ambiente de extrema incerteza e não uma versão em miniatura de uma grande empresa. Importante frisar que startup é uma fase do empreendimento”, comenta o coordenador de Fomento ao Empreendedorismo do Porto Digital, Eiran Simis (PE), em uma análise sobre este formato.
Segundo este especialista, este modelo de empreendimento deixa de ser uma startup após a validação do seu sucesso e passa, então, a ser um negocio lucrativo de alto crescimento. É neste momento que o negócio alcança realmente sua fama e glória, e inicia sua marca na história empresarial como os diversos exemplos já conhecidos. E com isto novas possibilidades se abrem para as empresas que já atuam com muito sucesso em seus segmentos, mas buscam se diversificar no cenário corporativo. “Os grandes grupos passaram a observar o movimento das startups e rapidamente encontraram os meios para tirar o máximo de vantagem disso. É bom observar o que estas empresas estão fazendo para incorporar rapidamente estas ideias, antes que atinjam sua maturidade e explodam no mercado (ou explodam o próprio mercado). Por meio de programas de aceleração, de incentivos, de compartilhamento de recursos (técnicos, materiais, humanos, etc) atraem para próximo delas as empresas ditas startups e, com isso, conseguem uma oportunidade de capturar as oportunidades em ‘primeira mão’”, destaca o presidente da Assespro-SP (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo), Marcos Sakamoto.

O consultor ainda é da opinião que elas representam uma nova forma de apostar em o sucesso de negócios inovadores, com riscos aceitáveis em ambientes mais facilmente controlados. Por outro lado, detém um glamour bastante atraente no caso de sucesso, o que as torna chamarizes para atrair mais interesse e profissionais envolvidos. “Estamos falando de novíssimas formas de fazer negócio e, ao mesmo tempo, contribuir de alguma forma para uma sociedade melhor. Estamos também incentivando nossos jovens a observar a sociedade desde a universidade. Isso, de forma concreta, contribui para o desenvolvimento da economia, imprimindo um processo virtuoso. Estamos também aproximando significativamente a academia da economia e dos problemas da sociedade, dando maior efetividade ao processo educativo. Veremos muita coisa interessante surgir das mentes criativas dos nossos jovens.”, pontua Péricles Negromonte do Sebrae.
Por isto tudo, ele considera que estamos numa fase interessante para inovar e para ampliar negócios, fugindo do convencional e expandindo todos os mercados possíveis. “Estamos nesse momento vivenciando uma espécie de ‘boom’ de empreendedorismo. A impressão que tenho é que não terá lugar para todo mundo nesse negócio de empreender. Alguns sobreviveram, outros irão mudar suas rotas. Empreender não é para qualquer pessoa que tenha esse desejo. É preciso reunir uma série de variáveis convergentes para isso”, ressalta Negromonte, que ainda comenta que muitos desses projetos envolvem ideias que tentam resolver problemas às questões da sociedade, como problemas comuns de cidades, bairros e comunidades, por exemplo. Mas, o modelo de negócio precisa ser bastante arrojado, nestes casos, em sua opinião, para alcançar o sucesso uma vez não há uma entrada de recursos constante e o formato das startups não é sustentável.
* Parte de matéria de capa sobre “Startup”, produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Julho/ 2013, número 160.