Os dados da Pesquisa Brasileira de Mídia (2016) – Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira, apontam para a TV como principal meio de informação no Brasil, com 90% de indicação, sendo ela a responsável por informação para 63% das pessoas e em segundo lugar, a internet, com 26% como meio “preferido”.
No entanto, o IBOPE, em uma pesquisa de 2014, auferiu o tempo “gasto” na internet como o número um da lista: 3h e 39 minutos, sendo a faixa mais engajada, os jovens de 16 a 25 anos. Em contraponto, uma pesquisa de 2017, feita pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), demonstrou que os jovens Brasileiros passam cerca de 2h e 26 minutos navegando na internet. Já uma pesquisa da associação de marketing móvel MMA realizada pela Millward Brown Brasil e NetQuest (2016), indica que o número é de 3h e 14 minutos. Fatos estes que indicam um desvio grande em relação ao que de fato pode ser tratado como verdade. Faço aqui um primeiro apontamento: Como avaliar o tempo gasto real com a internet e como o usuário é impactado pela publicidade?
Fato interessante nesta última pesquisa (MBB & N – 2016) foi a atenção aos millenials! Para eles (os maiores consumidores do meio), 22% davam atenção à publicidade na Internet, contra 30% no ano anterior. A parcela que sempre dá atenção à publicidade subiu de 9% para 13%.
Nesse aspecto, cabe nossa avaliação. Observa-se que, para aqueles que gastam mais tempo na internet – aqui leia-se atividades como fazer chamadas (89%), navegar na Internet (87%), acessar emails (85%) e mecanismos de buscas (71%) – cerca de 1 em cada 5 millenials dão atenção às publicidades no meio. Podemos inserir uma primeira verificação sobre a pergunta que fizemos! Temos 20% de aceitação à publicidade por aqueles que mais utilizam o meio internet.
A construção de um planejamento mais embasado para definição de comunicação, precisa passar por esses dados. Esse é meu alerta para reflexão de nossos gestores de mídia.
Deixando os números um pouco de lado, lembro que, para convencer um anunciante em 2003, pedia-se a ele uma lista de 5 programas que ele recordava de ter assistido na TV Aberta. Muitas vezes não bastava apresentar os números de audiência sólidos para uma decisão razoável. Ele precisava ficar minutos tentando lembrar programas de uma emissora, em vão, para decidir pela opção de maior audiência. Sempre dava certo, diga-se de passagem.
Esse artigo tenta, de forma lógica, traduzir o que vejo como a corrida do ouro da década de 80 na Serra Pelada/PA. Existem diversas estórias sobre esse assunto, mas uma verdade é que a informação foi o fator de maior valor para os grandes interessados na extração do minério. Atualmente, a internet é um espaço com cliques concentrados, sem possibilidade de controle externo e brilhante como o ouro. Nossa pergunta é:
Quem ganha mais com essa audiência, os anunciantes ou plataformas de comunicação (www)? Falo aqui em “www”, porque esquecemos também que nada mudou! Permanecemos com sítios virtuais. Todo e qualquer investimento vai para um endereço virtual. Seja ele um site de vídeos, uma rede social ou um App (aqui uma versão para Mobile do www). Pouca gente entende disso, principalmente os que já nasceram acessando os “portais”. O que mudou foram os novos agentes de mídia (aqueles robôs que programam e prometem entregar direto para seu consumidor uma publicidade certeira).
Voltando ao que interessa, acredito realmente que não temos a resposta para minha inquietação, mas temos as perguntas:
“Qual o último anúncio de uma pessoa jurídica que lhe levou a comprar vindo da internet?”
“Além de Commodities (com facilidade de verificação de preços pelos buscadores), qual o produto que lhe convenceu apenas pela internet?”
E, por fim:
“Você faz uso da internet para quê?”
Esses questionamentos nos colocam no lugar certo, entendendo que a internet veio para ficar, com grande importância, mas ainda precisando amadurecer, numa nova versão millenials.
*Marcus Quintanilha Filho é pesquisador em comunicação para consumo, professor e consultor na área de Marketing e mídia social.