Andando além da curva

Diretor de arte, por ofício, o designer Daniel da Hora traz a arte no sangue e na própria trajetória de sua vida e carreira e como não. Trilhou um caminho no mercado de comunicação ao longo de vinte anos que reforça o papel de grandes influenciadores para a construção da carreira e o poder de influenciar novos talentos na escolha de uma das carreiras que mais encara desafios nos dias de hoje. Formado em Design Gráfico pela Universidade Federal de Pernambuco, a UFPE, tem feito muita diferença colocando cada vez mais o estado como protagonismo da comunicação mundial, um desafio que supera muitos desafios e que expande ainda mais o nosso potencial criativo para muitos continentes, especialmente no cenário da globalização e da inovação. “Acredito que o trabalho do criativo em geral, sempre foi buscar uma ideia relevante que pudesse ser contada em plataformas de comunicação específicas. O problema é que, hoje, a quantidade de plataformas e formas de ativação é enorme, o que deixa mais complexa a atividade de criar e produzir conteúdo para tantos meios e públicos cada vez mais heterogêneos. Ao mesmo tempo, a tecnologia digital dá bastante controle e efetividade, como nunca antes tivemos”, enfatiza ele, que considera dois nomes como referência no campo da publicidade: Washington Olivetto e Marcello Serpa. Acompanhando mundialmente, o trabalho do designer australiano David Droga, renomado criativo que aprecia muito e cujos projetos chamam atenção do mercado internacional, em virtude do conceito da criação que importa e ainda pelas grandes ideias que partem de conceitos simples e, muitas vezes, óbvios. Expandir um olhar que parte até do pequeno insight que pode se transformar na melhor estratégia para uma marca é um diferencial nos dias de hoje nesse processo de criar, uma experiência que Da Hora vem exercitando, inclusive, desde os tempos do Colégio Marista, quando ilustrava e diagramava o jornal semanal da escola. “Mas na universidade, outros tipos de aptidões vão nascendo e fazer trabalhos para a Empresa Jr. na faculdade foi muito importante. Acredito, incentivo e faço questão de coordenar um núcleo deste tipo, na Aeso / Barros Melo, onde sou professor”, destaca o profissional que reforça a formação integrada de alguma forma à universidade (como na sua própria atuação com o projeto da Jr de Comunicação, nos anos 90, como um grande diferencial para quem busca maior preparação para um mercado mais exigente como o de hoje.

Desta forma, Daniel enveredou para docência como professor da Aeso, por exemplo, aprendendo a equilibrar os deveres de professor com as demandas da própria agência. Contudo, pôde ficar mais próximo de futuros profissionais para mercado, e pôde comprovar assim a importância da universidade como um celeiro de talentos em potencial, diante do atual cenário de mercado. “A Universidade sempre deve ser encarada como o melhor espaço para se discutir tendências e caminhos, em qualquer profissão. Não seria diferente com Publicidade, Design, Artes, etc. Para mim, é sempre um privilégio poder compartilhar conhecimento, trocar experiências e ajudar a construir o início de carreira de tanta gente boa. Ao longo de 21 anos de magistério superior, posso afirmar que tive e tenho interferência direta na formação e na carreira de alguns dos mais importantes novos profissionais do mercado. E o legal é que, como professor, você sempre está se colocando à prova e é sempre desafiado a discutir temas do momento. Isso me inspira, sem dúvida”, destaca.

Como profissional de destaque no mercado local e nacional (e como não dizer internacional, na verdade!), o olhar mais artístico tem sido um grande diferencial da sua DH,LO Creative Boutique e do seu trabalho. Um trabalho focado em planejamento criativo e uma execução de excelência. “A arte, como todos sabem, me acompanha por toda minha vida, e suas lições são sempre as que produzem o melhor resultado. Qualquer trabalho no qual nos envolvemos vai ter um ‘fazer’, um ‘craft’, que me orgulha e que aponta por onde eu quero ir. Divido isto tudo com a também designer Luciana Oliveira, e esta visão é colocada todo dia no dia-a-dia do trabalho”, completa Daniel, que carrega realmente em seu DNA uma genética favorável nesta área, herdada do avô. o artista Abelardo da Hora e outros ilustres parentes.

Em um contexto geral, a arte esteve conectada a sua vida em toda sua essência e de diversas formas, aos 11 anos de idade, por exemplo, ele cursava piano no conservatório pernambucano de música, mas também era atleta mirim de basquete. “Certa vez, em uma audiência de piano na sala, a professora me disse algo como – ‘Solte estas mãos, menino, parece que joga basquete!’. Ela não sabia que eu jogava, o que pra mim foi um choque e que me fez, na minha cabeça de criança, ter que decidir entre um e outro. Bem, final da história, cheguei à seleção pernambucana de basquete infantil e depois juvenil com muito orgulho “, lembra ele, que foi atleta amador durante 11 anos. E é com esta confiança e perseverança na vida que o profissional, que acumula diversas outras conquistas.

Foi classificado como o terceiro maior jurado na categoria criatividade no da TheNextGag Worldwide Creativity Ranking 2015-2016; eleito o número 17 na lista do Chief Creative Officer pelo Creativepool, da Fundação Bristol Who’s Who do Reino Unido, na categoria de consultor independente (2015/2016); e ainda levou dois ouros no prestigiado prêmio do design internacional A´Design Award e Competion, na categoria máxima Press & Porter. “Nossa indústria é peculiar pois tem, nas premiações, mais uma ferramenta de medição da capacidade de seus profissionais. Ser premiado é consequência de trabalhar duro e de forma correta, pertinente e efetiva. Pra mim, a cada novo desafio alcançado, me sinto ainda mais na obrigação de compartilhá-lo com meu mercado, que é um mercado periférico”, comenta orgulhoso.

Sendo um dos profissionais mais reconhecido e premiado internacional, Da Hora reconhece que isso reflete bastante em sua atuação no mercado e que ajuda a respaldar o seu trabalho, enfatizando esse potencial criativo que desponta de Pernambuco para o mundo. “Algumas coisas que conquistei foram muito grandes e realmente fora da curva para um profissional que tem base no Nordeste e no Recife, por isso a necessidade de sempre compartilhar e me cercar de pessoas que entendem este esforço, este sacrifício que me coloquei a fazer. Não é fácil, não acontece do dia pra noite. Lembro bem quando recebi o convite para ser palestrante no Cannes Lions. Foi um momento mágico, assim como muitos que, com muito trabalho, já consegui”, completa ele, que reforça assim a importância do trabalho duro e busca pelos próprios resultados para alcançar o sucesso.

Mais do que herança, naturalmente, a trajetória de Daniel reflete todos os esforços do diretor de arte que antes de concretizar a DH,LO Creative Boutique atuou em outras agências, entre as quais a Creatto Comunicação da qual foi sócio. Este foi um caminho para um novo cenário profissional com destaque para o próprio empreendedorismo em um negócio próprio em um cenário que passa por muitas transformações. “A falta de compasso entre o modelo de negócio das agências e as mudanças sociais, tecnológicas e econômicas que o mundo e o Brasil vivem na última década. As agências do país tem que repensar seu modelo de remuneração e o próprio escopo do que oferecem, se quiserem se diferenciar e ser relevantes num futuro próximo”, enfatiza. E diante desse novo papel de empresário, acredita que empreender nos dias de hoje no mercado atual traz definitivamente novos desafios, que vão além das preocupações dos criativos e publicitários que tem o sonho de fazer o seu próprio modelo de gestão.

“É importante perceber que a Comunicação deve caminhar lado a lado com as mudanças do seu tempo. Nossos desafios, então, no mundo de 2016, é entender como, cada vez mais, as redes sociais são o espaço privilegiado de discussão entre marcas e audiências; além de perceber que ações de conteúdo, ou branded content, são cada vez mais necessárias, num mundo em que as pessoas estão cansadas de publicidade com ‘cara’ de publicidade. Por fim, se aproximar cada vez mais de outros mercados, como o de TI e de Tecnologia é fundamental”, acredita ele que percebe claramente que a tecnologia se faz cada vez mais um divisor de águas e um imprescindível fator para qualquer grande caso de sucesso.

Como o mercado está mudando, na sua visão, o que podemos esperar novos movimentos do mercado, que irão influenciar cada vez mais os negócios e naturalmente os novos empreendedores. E diante do cenário que já temos hoje há como nos preparar para consolidação do mercado e para expansão dos jovens profissionais que estão chegando para encarar desafios e limitações específicas, desta era de transformação na comunicação. “Acho que o próximo grande movimento que vai afetar a vida das pessoas é a revolução ‘maker’. Neste sentido, propostas de comunicação e de produtos que estejam alinhados com este tema podem vir a ter grande aceitação. Além disso, as marcas tem que pensar mais e melhor em novos produtos, em patentes, em fazer algo determinante para a vida das pessoas. Só assim poderão estar na mete delas. Pelo lado de quem trabalha em Propaganda, a força das ideias está em conseguir executá-las de maneira definitiva. Assim, utilizar tudo que se tem disponível para implementar ideias e causas vai fazer de você alguém que se diferencia. E, para este tipo de profissional, não existe crise”, destaca. Premiado e reconhecido mundialmente, perseverança e excelência define o diretor de arte Daniel Da Hora.

 

* Matéria perfil produzida pela jornalista Ivelise Buarque para a Revista Pronews, edição de Novembro/ 2016, número 197

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